Cientistas da Universidade de Oslo, na Noruega, estão usando a inteligência artificial (IA) para catalogar ritmos e, com sorte, expandir o gosto musical dos ouvintes. Segundo Olivier Lartillot, o pesquisador que lidera o projeto, isso pode ser atingido por meio de uma melhor compreensão dos elementos que compõem uma música.
“Normalmente, as pessoas estão interessadas em músicas que ouvem o tempo todo, e que elas compreendem facilmente”, disse Lartillot. “Alguns tipos de canções parecem mais complicadas, e por isso, menos acessíveis. [Mas] Se pudermos dar-lhes as ferramentas para entender melhor uma música, também estaremos oferecendo o acesso para muitas novas canções. Isso beneficia não só o indivíduo, mas a música em si – e a diversidade de todo o seu ecossistema”.
O projeto liderado por Lartillot envolve treinar redes neurais para compreender e catalogar elementos inerentes da música popular norueguesa, transcrevendo o acervo da Biblioteca Nacional do país. Segundo ele, instrumentos como a rabeca de Hardanger (um tipo diferente de violino) são materiais especificamente difíceis de se reconhecer musicalmente, mas são parte integral da cultura musical da Noruega.
“Você treina a máquina ao ensiná-la que este é um certo tipo de música, e estas são as notas que ela deve reconhecer. Ao ‘ouvir’ os exemplos, a máquina tenta compreender o que está acontecendo. Depois de passar por variados exemplos, ela consegue detectar notas automaticamente”, conta Lartillot.
Segundo o especialista, a quantidade de exemplos de acervo necessária inicialmente não era suficiente, então a sua equipe precisou da ajuda de músicos profissionais, como o instrumentista Olav Luksengård Mjelva, bem como estudantes da Academia Norueguesa de Música. Com esse auxílio, eles puderam desenhar um software onde os sons pudessem ser “visualizados” e as notas fossem devidamente posicionadas pelo processo de machine learning.
Usar a inteligência artificial para expandir o gosto musical das pessoas é o objetivo primário do passo seguinte, que está em andamento: detectar o ritmo. No caso de instrumentos como a rabeca de Hardanger, isso é especialmente difícil. Os especialistas, porém, têm fé que, uma vez que essa parte seja dominada, o sistema estará a um passo de ser inserido em um formato interativo – como um aplicativo dedicado.
Com o futuro app em mãos, a ideia é que você seja capaz de consultar o catálogo da música popular norueguesa e, segundo as palavras de Lartillot, “partir em uma jornada de descobertas”, uma vez que, assim que você identificar um som que goste, o aplicativo poderá trazer recomendações similares. E uma das formas de interagir com ele será “assistindo” às músicas:
“Quando você vê um videoclipe, ele aciona mais sentidos que o normal, o que faz com que você ‘sinta’ mais a música. Eu acho que isso pode ajudar muitas pessoas a compreenderem músicas populares melhor”, diz o especialista.
Fonte: https://olhardigital.com.br/2021/06/08/ciencia-e-espaco/inteligencia-artificial-gosto-musical/
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